Gone Home, game de estréia do estúdio independente Fullbright Company é, sobretudo, corajoso. Sem quaisquer inimigos ou puzzles, a obra desafia o jogador a analisar cada objeto de seu cenário, atrás de respostas para um grande enigma. A recompensa é uma história surpreendente, que não tem medo de desafiar sua inteligência ou encarar grandes tabus.

Você está na pele de Kaitlin Greenbriar, jovem que fazia uma grande viagem à Europa e, quando retorna, encontra sua casa completamente vazia. Sem pistas, ela não tem escolha a não ser vasculhar o ambiente, para descobrir o que aconteceu com sua família.

As qualidades

Imersivo ao extremo

Gone Home é um dos jogos mais imersivos que tive oportunidade de jogar em algum tempo. Sua trilha sonora minimalista, somada com o uso preciso do silêncio, mais uma casa cuidadosamente escura e uma chuva torrencial que o acompanha durante todo o jogo, resulta em uma ambientação assustadora e hostil. Mesmo sabendo que não haviam inimigos no game, não foram poucas as vezes que senti minha espinha gelar durante minha jornada de duas horas e meia.

Gone Home screenshot
Ambientes escuros geram inúmeros momentos de tensão

Histórias dentro da história

Embora tenha um enredo principal definido, há várias outras tramas dentro da história que só serão descobertas caso o jogador tenha curiosidade de explorar a fundo o cenário. E não basta apenas analisar os objetos e documentos: é necessário conectar peças e revisitar algumas coisas para desfrutar de tudo que o universo da obra tem a oferecer. Gone Home recompensa aqueles que gostam de pensar, e não há nada mais recompensador do que decifrar um mistério por conta de sua própria sagacidade.

Sem medo de desafiar tabus

Jogos independentes sempre foram conhecidos por sua liberdade criativa, e a Fullbright Company não teve medo de ousar no enredo de Gone Home. O tema, que não citarei aqui pois contém spoilers, já foi explorado em outras mídias, mas poucos estúdios de games tem coragem de abordá-lo por medo de má aceitação do público. Obras como esta certamente são importantes para o amadurecimento da indústria, e devemos dar crédito a Fullbright Company por conta disso.

Os defeitos

Detalhes de roteiro

Apesar da ousadia no tema tratado, fica a sensação de que Gone Home poderia causar sentimentos mais fortes do que realmente causa. O jogo flerta com o drama, o medo e a raiva, porém não se aprofunda muito em nenhuma destas emoções, o que me faz pensar que talvez o estúdio poderia ter trabalhado mais no roteiro.

Além disso, pouco é contado sobre a história da protagonista, portanto fica a sensação de estar controlando um avatar, e não um membro da família Greenbriar.

Por fim, a conclusão do game poderia ser um pouco mais corajosa do que foi.

Mecânicas de jogo pouco exploradas

A jogabilidade de Gone Home baseia-se em andar pela casa e analisar objetos e documentos, porém existem algumas mecânicas que estão presentes no jogo, mas praticamente não foram exploradas. Seu inventário, basicamente, serve apenas para guardar chaves e alguns pouquíssimos documentos, enquanto o ato de rotacionar objetos em sua mão não revela praticamente nada oculto. A pouca utilização destes recursos torna a jogabilidade um pouco simples demais, o que pode deixar o game tedioso para alguns.

Gone Home screenshot
Rotacionar objetos não adianta muita coisa

Ficha Técnica

Plataformas: PC, Mac, Linux
Gênero: Adventure
Data de lançamento: 15 de agosto, 2013
Desenvolvedora: The Fullbright Company
Publisher: The Fullbright Company