“Eu voltei”. Este foi o recado de Hideo Kojima durante a E3 2016 e, desde então, todos os olhos se voltaram para sua nova produtora solo e seu novo jogo chamado Death Stranding.

O retorno triunfante desde a saída da Konami abriu muitas portas para Kojima, reconhecidamente um dos astros da indústria dos games na qual – Como ele mesmo lembrou durante recente entrevista para o PlayStation Blog – trabalhou durante 31 anos até hoje.

E foi nesta entrevista, concedida durante o evento RTX Sydney, na Austrália, que o mago dos games decidiu nos presentear com mais informações sobre Death Stranding.

Para Kojima um jogo não deve ser “um sonho de criança realizado”, mas algo que corresponda à atualidade, às mudanças da sociedade e ao momento em que vivemos. Por isso, afirmou que a decisão de trabalhar neste projeto especificamente não veio sozinha. Ele colocou muitas ideias na mesa e o estúdio decidiu que este seria o jogo ideal para se produzir agora.

Nas palavras do próprio Kojima, Death Stranding respondeu às questões mais importantes: “Qual jogo nós precisamos fazer agora? Qual tipo de jogo o mercado deseja agora? Que tipo de jogo nós conseguiremos fazer agora? Nós realmente queríamos algo que fosse diferente, que fosse fora da caixa, e Death Stranding foi a respostas para isso tudo”, concluiu.

Death Stranding será um jogo de ação em mundo aberto, muito intuitivo de se jogar.

Sobre o tipo de jogo que Death Stranding será, Kojima foi direto ao afirmar que será um jogo de ação. Segundo o produtor, todos estamos acostumados a jogar games do gênero de tiro, mas o que ele quer é criar algo que seja mais intuitivo e com maior profundidade, que elementos que não tenham sido vistos antes.

Além disso Kojima afirmou que o jogo será de ação em mundo aberto, com muita liberdade, uso de veículos, etc. Porém o jogador poderá jogá-lo dentro de seu próprio perfil; se você for um guerreiro, terá muitas oportunidades de lutar contra os inimigos; se não for este tipo de jogador, haverão outras possibilidades para jogar este jogo.

Por não querer dar muitos detalhes, Kojima resumiu como um jogo de ação em mundo aberto, muito intuitivo de se jogar. “Uma vez que você entre neste mundo e comece a explorá-lo, temos a esperança de que haverá algo ali dentro que você nunca tenha visto antes”, afirmou o desenvolvedor.

Sobre o conceito dos ‘strands’ – ou fios e cabos que aparecem nos trailers, conectados aos personagens -, Kojima afirmou que servirão para levar o jogador mais a fundo na jogabilidade, não se atendo apenas ao uso de armas como a maioria dos jogos de ação atuais. A isto Kojima acrescentou ainda que o game poderá ser jogado tanto no modo offline quanto em modo online, porém com estrutura diferente do que estamos acostumados, onde costuma-se jogar a campanha solo offline, depois partir para a jogatina multiplayer online.

O trailer de Death Stranding chamou atenção e gerou milhares de especulações sobre o jogo de Hideo Kojima.
O trailer de Death Stranding chamou atenção e gerou milhares de especulações sobre o jogo de Hideo Kojima.

A chave da tecnologia de Death Stranding

Ainda durante a entrevista Kojima comentou que ele e a equipe da Kojima Productions chegaram a visitar 30 estúdios diferentes procurando a engine ideal para o jogo. O produtor afirmou que sempre teve em mente qual tipo de engine precisariam para Death Stranding, pois sabe exatamente o tipo de jogo que deseja criar.

“Em primeiro lugar eu sabia que queria criar um jogo de mundo aberto, então a engine precisaria suportar esta estrutura. Em relação aos gráficos, eu procurava algo foto-realístico, então a engine necessitaria comportar este visual também. Além disso, as ferramentas [de produção] deveriam ser fáceis de se utilizar. Em algumas engines as ferramentas ficam atrás de uma ‘black-box’ [um modelo não adaptável] e, para nossas necessidades, precisaríamos otimizar estas ferramentas.”

“Estas eram as condições que precisávamos suprir em relação à engine. Como vocês sabem existem muitas engines comerciais disponíveis e estas são exatamente as que possuem estrutura não adaptável. […] Então visitamos muitos estúdios pelo mundo e conhecemos pessoas incríveis, incluindo a Guerrilla Games em Amsterdam. A tecnologia deles está simplesmente um nível além de todas as outras.”

Segundo Kojima, a engine da Guerrilla Games permite sistemas de mundo aberto, somados a uma renderização sem igual dos objetos de cena. O produtor comentou a respeito do novo jogo Horizon Zero Dawn, afirmando que possui “uma sensibilidade artística, particularmente impressionante no uso das cores, ao mesmo tempo em que observamos também uma sensibilidade foto-realística.”

Sobre a parceria com a Guerrilla Games, Kojima afirmou que o relacionamento também foi um importante fator de decisão.

Senhor Kojima, por favor use esta engine.

“Quando você vai comprar, usar ou emprestar uma engine de uma empresa alguém diz: ‘Empreste-nos seu nome’ ou, é claro, pede pelo pagamento. Mas nós não tínhamos contrato com a Guerrilla e, quando fomos nos encontrar com eles, nos deram uma caixa linda. Ao abrirmos a caixa havia um USB dentro com o código fonte da engine deles. Nós não tínhamos um contrato na época, mesmo assim eles entregaram em nossas mãos o resultado de todos os seus esforços de muitos anos. Eles simplesmente disseram ‘Senhor Kojima, por favor use esta engine’, e nós pensamos que estas pessoas eram incríveis.”

A única condição era que a Kojima Productions não apenas utilizasse a engine, mas ajudasse a desenvolvê-la com a Guerrilla Games, como um esforço colaborativo. A equipe gostou da sinceridade e, segundo Kojima, soube naquele momento que deveriam trabalhar juntos.

O trabalho em ‘quatro mãos’ durante 6 meses acabou gerando uma engine completamente nova, com uma junção entre os códigos e necessidades das duas empresas. Por este motivo, decidiram dar um novo nome à engine criada em parceria. A equipe da Guerrilla sugeriu o nome ‘Decima’, derivado de Dejima – uma ilha artificial que o Japão e os Países Baixos utilizaram para comércio durante o período Edo.

Uma engine que comporte a tecnologia gráfica foto-realística em um jogo de mundo aberto foi fator crucial.
Uma engine que comporte a tecnologia gráfica foto-realística em um jogo de mundo aberto foi fator crucial.

O elenco de Death Stranding

Quando questionado sobre a participação já revelada de Norman Reedus and Mads Mikkelsen no jogo e a possibilidade de outras revelações famosas, Kojima saiu pela tangente e mudou o rumo da conversa, afirmando que não poderia revelar mais a respeito. Porém afirmou também que o modelo de trabalho com atores de Hollywood em jogos deve se tornar normal no futuro. “Criar filmes e criar jogos é um processo muito semelhante”, justificou.

Ainda segundo o produtor, ao criar o personagem do jogo que vimos no primeiro trailer de Death Stranding, Norman Reedus logo veio à sua cabeça, o que confirmou a intenção de personificá-lo desde o início.

Criar filmes e criar jogos é um processo muito semelhante.

Por último, quando questionado sobre a situação do desenvolvimento de Death Stranding até o momento, Kojima afirmou que o novo escritório da Kojima Productions no Japão já está montado e que neste momento estão contratando novos membros para a equipe. “Ainda estamos fazendo testes no jogo, mas ele já se encontra no estágio final de estruturação. Este ano [2017] será de produção e desenvolvimento pesados, então, por favor, fiquem de olho nos frutos do nosso trabalho em breve.”

Existem rumores de que o jogo terá seu lançamento durante o ano de 2018, além disso, Kojima afirmou recentemente que Death Stranding chegará para o PS4 e não para o PS5.

A Kojima Productions está trabalhando diretamente com a Sony, o que pode significar que o jogo venha a ser um exclusivo do PlayStation 4, porém ainda podemos ser surpreendidos por um versão para o PC.

Kojima afirmou que o trabalho de atores de Hollywood na indústria dos games se tornará comum.
Kojima afirmou que o trabalho de atores de Hollywood na indústria dos games se tornará comum.