Hellblade: Senua’s Sacrifice, da desenvolvedora Ninja Theory, é o novo lançamento na praça e já chegou causando uma grande polêmica com sua versão moderna do ‘permadeath’, a morte permanente nos jogos.

Isso porque no jogo a protagonista Senua recebe uma maldição logo no início do jogo, onde raízes negras crescem pelo seu braço a cada morte da personagem. Quando estas raízes chegam até sua cabeça é game over de verdade, porque o jogo simplesmente apaga o arquivo de salvamento do jogador. É preciso começar do zero, sem chance de recarregar save points.

O design inusitado virou a internet de ponta cabeça, com debates levantados tanto pelos entusiastas do viés clássico do ‘permadeath’ quanto por aqueles que acham que a mecânica pode atrapalhar o jogo e até mesmo extinguir a vontade de experimentá-lo.

Porém é importante salientar que o jogador tem total consciência desta mecânica desde o início, já que ao ser amaldiçoada a personagem principal recebe esta informação claramente e, a cada nova morte, as raízes negras avançam visivelmente pelos braços de Senua, em direção à sua cabeça e à morte final.

Em Hellblade: Senua's Sacrifice morrer muitas vezes significa fim de jogo de verdade.
Em Hellblade: Senua’s Sacrifice morrer muitas vezes significa fim de jogo de verdade.

Hellblade e a saúde mental de Senua

A mecânica claramente faz parte do tema de Hellblade, que trata da saúde mental. Fica muito claro que o ‘problema’ faz parte da proposta do jogo e que, em certo momento, se for o caso, tanto a personagem quanto o jogador serão abraçados pela realidade de uma só vez com o verdadeiro game over. A saúde mental de Senua está sempre em risco e o ‘permadeath’ tem a capacidade de aproximar esta sensação da vida real.

Outra informação importante bastante veiculada pela mídia é que a morte permanente não se trata de uma ameaça tão próxima assim. Segundo a maioria das análises é preciso morrer muitas vezes para que o pior aconteça e, dada a mecânica e a dificuldade do jogo, possivelmente será bastante raro ter o arquivo apagado em Hellblade. O combate é tão fluído e preciso que a morte não chega a ser realmente uma constante. Apesar de o jogo não perdoar distrações, as batalhas são relativamente simples e a tensão criada pelo risco eminente se torna mais positiva do que negativa.

Na minha opinião, uma revisita tão bem justificada à uma mecânica tão elementar da história dos games parece mais um motivo para Hellblade: Senua’s Sacrifice tornar-se um jogo ainda mais interessante e instigante, não o contrário.