Wells foi uma grata surpresa para a indústria nacional dos jogos eletrônicos, produzido pela Tower Up Studios, formada por alunos da PUC-Minas, que levantou a atenção do público e da crítica especializada em diversos eventos nacionais e internacionais.

Quando recebi o jogo na redação do WannaPlay fiquei em dúvida sobre o que encontraria pela frente, já que a novidade tem origem modesta quanto à experiência dos seus criadores. Para começar, Wells foi o único jogo brasileiro lançado para o Xbox One entre 2016 e 2017, criado em parceria com a Microsoft.

O game de ação run and gun no estilo side-scrolling passou por dois anos de produção e culminou na história de George Wells, um contrabandista de armas que precisa se safar da perseguição do seu maior cliente, que deseja eliminar o personagem principal depois de passá-lo para trás.

Com uma temática western divertidamente ambientada, o jogo apresenta mecânicas tradicionais dos games no estilo run and gun da década de 90, enquanto atualiza a jogabilidade para sistemas mais modernos. A ambientação de velho oeste se apoia sobre a tecnologia dos motores a vapor, largamente utilizada pelo vilão Hyde, algoz de Wells e dono da Hyde Corporation, empresa que controla a tecnologia no universo do game e cria engenhocas mirabolantes para destruir o herói.

E estas engenhocas se mostram muito criativas e eficazes durante as batalhas contra os chefões, criados no melhor estilo Metal Slug, com design e padrões de ataque muito bem bolados. Um dos pontos altos do jogo, certamente.

George Wells é o personagem principal que parte para a aventura em busca de vingança.
George Wells é o personagem principal que parte para a aventura em busca de vingança.

Wells apresenta qualidades marcantes

Outro ponto muito forte que encontramos na jogabilidade foi o bom uso do progresso vertical no desenvolvimento das fases. Escalar edifícios em jogabilidade plataforma, criar armadilhas utilizando balas que ricocheteiam nas paredes e enganar os inimigos aproveitando-se das melhores posições para abrir fogo são algumas das possibilidades que a mecânica variada de Wells proporciona.

A física também está muito bem ajustada para o formato do game, aproveitando-se das boas oportunidades e facilidades que os softwares modernos proporcionam para o desenvolvimento de jogos que dependem destes sistemas. É possível sentir o peso do personagem em suas ações, bem como se aproveitar de cálculos balísticos ao utilizar algumas armas e bolar armadilhas.

Outro detalhe chamativo foi o design de interface, que apresenta menus temáticos muito bem trabalhados, simples na utilização, mas visualmente muito interessantes. As mecânicas de troca de armas e uso de itens são muito práticas e não quebram a jogabilidade, o que ajuda bastante na imersão.

Pontos fracos não ofuscam o jogo

Por outro lado, o polimento deixou um pouco a desejar em termos de sonorização. Apesar da trilha sonora muito boa, os efeitos sonoros secundários tornam-se irritantes ao longo do tempo.

Outro detalhe está na gameplay quando utilizamos o joystick. Algumas mecânicas, como a de mira, por exemplo, funcionam muito bem no mouse mas perdem um pouco da fidelidade com a alavanca analógica. A mudança de direção do personagem também ficou um pouco quebrada em certas situações quando utilizamos um controle. Apesar disso, o jogo continua divertido e desafiador no grau certo em termos de jogabilidade, embora não mude muito ao longo do tempo.

Considerando-se que Wells foi um jogo criado como trabalho de conclusão de curso dos alunos e que alavancou o desenvolvimento da Tower Up Studios com a escala que ganhou nacional e internacionalmente – incluindo a aprovação e parceria da Microsoft -, podemos afirmar que os desenvolvedores atingiram seus objetivos com louvor.

Pontos fortes:

  • Temática atraente
  • Jogabilidade e física satisfatórias
  • Design funcional
  • Bom acabamento gráfico para o estilo

Pontos fracos:

  • Design de som
  • Gameplay no joystick
  • História