A série Sniper Ghost Warrior surgiu em 2010 como promessa de novidade no mundo dos First-Person Shooters. E, de fato, o primeiro jogo trouxe um sopro de ar fresco ao estilo com sua premissa de simulação avançada de tiro tático.

Porém, em 2013, o então aguardado Sniper Ghost Warrior 2 perdeu a grande oportunidade de inovar ainda mais, trazendo apenas um pouco mais do mesmo para o mundo dos FPS, sem qualquer novidade relevante.

Mas depois de um hiato de quase quatro anos a série volta à ativa com Sniper Ghost Warrior 3, com lançamento no dia 25 de abril de 2017, representando uma nova tentativa da polonesa CI Games de trazer inovação ao gênero.

E, ao menos comparado com os jogos anteriores, SGW3 cumpriu sua palavra ao surgir como um jogo mais autoral, em mundo aberto e fugindo um pouco da fórmula tradicional de simulação de tiro de elite.

A terceira versão do jogo é, segundo a própria desenvolvedora, uma remodelagem total da série, deixando um pouco de lado a aura tática e assumindo outras possibilidades na jogabilidade e também no roteiro do game.

O mundo de Sniper Ghost Warrior 3

SGW3 se passa na Georgia, na Europa Oriental, onde uma guerra civil está a beira de colapsar o governo e a sociedade, quando três facções hostis entram em guerra. Mas o jogo não se trata apenas de encarnar o capitão americano Jonathan “Jon” North, um marine enviado para auxiliar nos confrontos e eliminar as ameaças de uma guerra fria, já que meses antes seu irmão fora raptado em missão e consta como desaparecido em combate.

Jon terá a opção de investigar a fundo o destino do seu irmão perdido sem deixar de lado o conflito interno entre as responsabilidades de um soldado contra a ansiedade de um irmão preocupado.

O mapa de 27 Km² expandiu ainda mais as fronteiras da ação, proporcionando maior liberdade na hora de escolher os rumos das suas missões e até da história do game. Esta liberdade também proporciona um melhor balanceamento na hora de executar suas investigações pessoais.

Já que as dimensões do mapa tornariam muito cansativa a tarefa de se locomover entre uma missão e a próxima, um veículo foi introduzido para auxiliar no deslocamento.

Os cenários não ficam atrás e, apesar de não trazer os melhores gráficos da geração, o ambiente escolhido e a engine moderna permitiram um investimento maior também neste quesito.

Outra qualidade que chama atenção é a trilha sonora produzida por Mikolai Stroinski, anteriormente responsável pela trilha de The Witcher III: Wild Hunt, que realizou mais um bom trabalho na sonorização do jogo.

Um mapa com 27 Km² cerca o mundo aberto de Sniper Ghost Warrior 3.
Um mapa com 27 Km² cerca o mundo aberto de Sniper Ghost Warrior 3.

Tecnologia e estratégia

A variedade de equipamentos impressiona. Armamentos, munições e tecnologias diversas permitem que o jogador tenha mais liberdade também na hora de escolher sua estratégia, que pode permanecer no ambiente do tiro tático de elite ou partir para a ação com um carregamento de poderosas metralhadoras e armas de curto e médio alcance.

Esta mudança de perfil foi premeditada, com o intuito de ampliar as possibilidades do jogo ao mesmo tempo em que pretende tornar o modo multiplayer mais atrativo. Modo multiplayer que, aliás, não estará disponível no lançamento do jogo, mas será lançado até o final do ano.

Atrativa também foi a introdução de armas clássicas e históricas, como aquele que foi considerado o primeiro rifle sniper da história e também um modelo idêntico ao que Chris Kyle, reconhecidamente um dos maiores atiradores de elite de todos os tempos e protagonista do filme Sniper Americano, utilizou para bater o recorde mundial de distância de tiro.

A tecnologia não foi deixada de lado com a evolução dos anos e da própria série. Isso se mostrou muito bem alinhado com a adoção de um drone de reconhecimento muito útil, que permite ao jogador desbravar os ambientes das missões, marcar alvos com mais facilidade e até enganar os inimigos utilizando o veículo aéreo não tripulado.

O drone também se torna mais um aliado quando o assunto é a estratégia, já que é possível observar o ambiente de cada missão e seus objetivos, antes mesmo de selecionar o equipamento que será levado para a ação.

Alguns pesares em SGW3

Apesar da dinâmica superior em relação aos jogos anteriores da série, alguns bugs e problemas iniciais foram constatados ainda durante a fase beta de Sniper Ghost Warrior 3. Quedas de framerate constantes atrapalharam a jogabilidade durante os testes, bem como alguns glitches de colisão de partículas e renderização.

Outro ponto são as animações ativadas em momentos de tiros certeiros, os modelos de personagens parecem ter sido reaproveitados. Por algumas vezes durante estas animações, vemos personagens atravessando o cenário, equipamentos e armas que carregavam sumindo no ar, etc. Trata-se de um problema menor, mas que pode tirar um pouco da imersão de um jogo.

Lembrando que um jogo de tiro tático demanda muita precisão e detalhes como estes podem tornar a jogabilidade ruim, além de tirar o brilho de outros pontos positivos. De pouco adiantam mecânicas tão precisas de simulação quando se tropeça na execução da gameplay.

Outro problema que não se restringe a um detalhe é o tempo de carregamento do jogo. O carregamento inicial chega a demorar 5 minutos e os loadings intermediários também apresentam grandes atrasos se comparados como outros jogos atuais.

Também encontramos alguns problemas menores de renderização de imagens, que se perdem ou sofrem atrasos, pelo menos durante os momentos iniciais do jogo final e durante os testes do beta fechado.

Esperamos que patches de correção sejam lançados muito em breve para solucionar estes deslizes, que variam dos aceitáveis aos mais sérios.

SGW3 traz novidades para a série, mas também alguns pontos fracos.
SGW3 traz novidades para a série, mas também alguns pontos fracos.

Conclusões

Como um jogo que promete dentro de uma série considerada mediana, Sniper Ghost Warrior 3 precisará superar alguns problemas iniciais e provar sua qualidade na gameplay, aliada a uma história que valha a pena jogar e com um multiplayer pelo qual valha a pena esperar.

Renovar toda uma série é uma tarefa difícil para qualquer jogo, mas o peso que recai sobre os ombros de SGW3 é ainda mais opressor e dará trabalho para reerguer as avaliações de uma franquia que não foi muito além de mediana até hoje.

Esperamos que a CI Games ainda tenha algumas cartas na manga para nos surpreender.