Enter the Gungeon é um dungeon crawler no estilo roguelike que carrega o sentido mais literal do termo gunfight. O jogo desenvolvido pela Dodge Roll Games em parceria com a Devolver Digital já está no PlayStation 4 e na Steam, mas vai chegar ainda ao Xbox One e PC Windows no dia 05 de abril e para o Nintendo Switch em data posterior.

Aqui na redação do WannaPlay testamos o game de tiro tanto em sua versão PS4 quanto Xbox One graças às keys enviadas pelo desenvolvedor, para trazer esta análise completa e detalhada do mundo das armas para você.

A história de Enter the Gungeon

Em um mundo distante e bizarro um grupo de caçadores de aventuras desajustados decidem entrar nos labirintos de um calabouço atrás do seu maior tesouro: uma arma capaz de matar o passado. Tudo em busca de redenção, é claro.

O jogador poderá escolher um entre quatro personagens com habilidades, armas e equipamentos distintos para mergulhar na aventura, incluindo o modo co-op local em tela compartilhada.

O mais curioso é que a população de inimigos deste calabouço é formada por seres curiosamente inspirados em armas. As “gungeons” trazem cartuchos de shotgun, balas de revolveres, entre outros personagens animados que irão… bem, basicamente atirar em você de volta.

E isso é praticamente tudo o que você precisa saber a respeito da história do game, já que o roteiro completo do jogo não vai muito além disso. Enter the Gungeon é um jogo para se divertir e compartilhar horas e horas de jogatina com os amigos, nada mais.

Enter the Gungeon é um jogo divertido, bem desenvolvido e bem humorado... igual a Gatling Gull aí.
Enter the Gungeon é um jogo divertido, bem desenvolvido e bem humorado… igual a Gatling Gull aí.

Simplicidade que corresponde

Particularmente sou um adepto dos jogos no estilo dungeon crawler, especialmente os roguelike, que fazem o jogador quebrar a cabeça para se manter vivo pelo tempo mais longo possível. Gerenciamento de comida, munição, terror, pouca vida, magias e outros desafios que podem levar o jogador à morte instantânea em casos de estratégias ruins costumam resumir o mote dessas aventuras: sobrevivência.

Mas Enter the Gungeon é mais casual do que isso. Para um jogo onde o grande desafio se dá na ação, desviando de balas, procurando ou comprando itens e enfrentando inimigos cada vez mais fortes, esta não seria uma formula do meu gosto para um dungeon crawler padrão. Acontece este é diferente.

Uma das tecnologias mais importantes aplicadas no game e que vieram a transformar completamente a jogatina foi a geração de dungeons de forma procedural. O jogo possui uma série de elementos que se combinam de formas totalmente diferentes e aleatórias a cada vez que o jogador acessa uma nova fase, de maneira que você NUNCA jogará a mesma dungeon duas vezes.

Este poderia ser um argumento negativo, já que qualquer jogo corre o risco de se tornar simplesmente cansativo e sem sentido por conta disso (estou falando com você, No Man’s Sky). Mas quando aplicamos a tecnologia procedural exatamente sobre o fator replay deste jogo, alcançamos um resultado extremamente satisfatório.

Isso porque a simplicidade de Enter the Gungeon não foi tratada como uma ferramenta de produção, mas como um objetivo a ser alcançado. Este definitivamente NÃO se trata de um jogo simples porque “foi mais fácil fazer assim”. Criar simplicidade em um jogo que se refaz completamente a cada vez que iniciamos uma partida é, na verdade, algo muito complexo.

Com o intuito de alcançar este objetivo a Dodge Roll certamente se esforçou muito para interligar todas as mecânicas envolvidas. E foi exatamente neste ponto que Enter the Gungeon marcou sua goleada. Este é um dungeon crawler direto, sem rodeios, onde você já entra jogando e, depois de um rápido e divertido tutorial, está pronto para se afundar nas dungeons infinitas do game sozinho ou acompanhado.

Muitas vezes Enter the Gungeon se torna um jogo difícil, mas suas boss battles são sensacionais!
Muitas vezes Enter the Gungeon se torna um jogo difícil, mas suas boss battles são sensacionais!

Mecânicas funcionais

E nada mais justo do que encontrar um menu vazio dentro de um jogo que se monta sozinho, correto? Já que não sabemos o que vamos encontrar pela frente, é suposto que este mistério deixe a maioria das mecânicas muito automáticas e vazias. Pois este não é o caso aqui. Nos menus você encontrará todas as informações sobre os personagens, o arsenal desbloqueável, os itens, os inimigos e até os chefões. Sim, apesar da geração procedural e da história simples, o jogo traz uma gama completa de informações para que o jogador não se perca dentro da sua infinidade.

E este design de interface é uma das suas características mais marcantes. Desde as animações dos menus até as inúmeras opções selecionáveis, tudo gira em torno de manter o interesse do jogador na descoberta de novos itens e na expectativa pela batalha final contra o chefe da dungeon. Centenas de armas, inimigos e itens estão bloqueados nos menus e guardados em suas masmorras, fazendo da descoberta um desafio revigorante.

Quanto às mecânicas de gameplay, nada de muito novo por aí. Trata-se de uma grande mistura de dungeon crawler roguelikebullet helltwin-stick shooter de ação, com geração procedural e outras dezenas de denominações que você encontrará para este jogo pela Internet.

Isso porque sua jogabilidade realmente se aproveita das mais diversas mecânicas oferecidas pelos jogos do estilo ao longo das décadas. As fases, inimigos e chefões são tradicionais para os shoot ‘em ups retrôs, a jogabilidade é tradicional dos dungeon crawlers e as mecânicas de sobrevivência são tradicionais dos roguelikes. Nada de novo neste front, mas tudo funciona muito bem.

Jogar Enter the Gungeon sozinho é um senhor desafio, até mesmo para jogadores experientes.
Jogar Enter the Gungeon sozinho é um senhor desafio, até mesmo para jogadores experientes.

Pontos fortes e fracos

O ponto alto foi o fato de o jogo ter ficado bem consistente mesmo em meio a esta salada de recursos e mecânicas, permitindo uma interface simples para um jogo de tecnologia bastante complexa. Sem dúvida um game que marcará o estilo para sempre. Bravo!

Os pontos fracos ficam, principalmente, para o jogo singleplayer. Sinceramente, Enter The Gungeon parece não ter sido um jogo feito para se jogar sozinho. A falta de uma linha de história instigante e as constantes mudanças de dificuldade ao longo da gameplay tiram um pouco do sentido de sentar-se sozinho no sofá e passar horas na frente deste jogo em particular.

Além disso, a atuação de um personagem sozinho deixa tudo mais difícil já que, à partir de certo momento, alguns inimigos e chefes demandam que sua atenção seja dividida entre dois ou mais personagens para facilitar o combate. Sinceramente, em modo singleplayer este jogo perdeu um pouco do sentido em um curto espaço de tempo para mim.

Soma-se a isso o fato da jogatina multiplayer se limitar ao modo cooperativo local. Grande erro, na minha opinião. Este sim seria um jogo para se divertir por horas com os amigos nas jogatinas co-op online.

Por outro lado, pode contar com muita risada e diversão garantida ao colocar na sua equipe outros jogadores apaixonados por jogos do estilo, trazendo também a vantagem de proporcionar partidas rápidas – em torno de 20 ou 30 minutos – para quem tem pouco tempo para jogar com os colegas.

E o que seria melhor do que aproveitar uma noitada de videogame e risadas com os amigos, a família ou sua cara metade?